Ontem foi dia de sair para o mar com o Guillermo e a equipa marinha. Foi tempo de conhecer o seu trabalho de investigação para potencial definição de Área Marinha Protegida. Guillermo, Bizantino, Lindo e Zélinho, na fotografia, embarcaram no que seria o último dia de amostragem do BRUV (Baited Remote Underwater Video) - uma metodologia não invasiva que permite registar a presença, abundância e comportamento de espécies predadoras de peixes.
Saída marcada para as 6h30. Cinco câmaras GoPro, com os devidos acessórios e apetrechos, desenhados com a perícia própria de engenheiro, 3 kg de peixe e farnel para a equipa. Antecipava-se um longo e duro dia pela frente, milhas consideráveis a percorrer, para gravar os nove restantes pontos. Saímos da baía de Santo António, pelas águas cristalinas do Atlântico - surpreendentemente calmas para o costume - e navegámos em direcção ao Sul. Passámos Pontamina, Abade, Nova Estrela, Terreiro Velho, a praia Abelha e a cascata "Oquê Pipi". Entrámos em território ainda desconhecido para mim e a equipa começou a arranjar o peixe e preparar o isco. Aproximámos-nos do Boné do Jóquei - ou Ihéu Caroço -, dobrámos a Ponta Café e a Praia Grande do Infante, onde deixámos o Lindo, guarda marinho, no seu dever de monitorização das tartarugas. Estávamos, então, na principal zona de recolha dos dados em falta, onde largámos as cinco câmaras da primeira ronda das filmagens, entre Pico Negro, Portinho e Boné. Era já tempo para almoçar. Aproveitando os 90 minutos de gravação, subimos ligeiramente, para que o barco não interfisse com a circulação dos peixes. E abrigámos-nos da chuva, que entretanto nos alcançara, num longo e quente banho de mar.
O dia já ia alto quando recolhemos as câmaras e, por isso, o regresso foi também mais célere. O Lindo reembarcou, trazendo coco fresco para todos. Abriram os cocos com leves pancadas de um pau - como é que fazem isto!? - e gozámos o final da tarde numa animada e rica conversa sobre os costumes locais e as perspectivas futuras.
Desde abril do ano passado, o Guillermo gravou mais de 280 horas de vídeo em 28 dias de trabalho de campo, captando imagens de mais de 95 espécies diferentes, incluindo tubarões, raias e polvos, que podem ver abaixo. Durante os próximos meses, continuará a analisar os vídeos para perceber a distribuição de espécies de peixes ao redor da ilha, de modo a identificar áreas prioritárias para a conservação e a gestão das pescas.
Bom trabalho, rapazes, e o meu muito obrigada pelo dia, ensinamentos e partilha.
Bom trabalho, rapazes, e o meu muito obrigada pelo dia, ensinamentos e partilha.
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