Decorridas as eleições, iniciámos finalmente as aulas de Ciência Computacional e Tecnologia da Conservação no Clube Arribada. Trabalhamos com uma das escolas de 2.º ciclo de Ensino Básico da cidade, Santo António II, por limite de capacidade e porque as crianças das roças e comunidades sofrem de maior dificuldade de transporte e, consequentemente, de assiduidade.
Ao chegar à escola, são vários os desafios: a excessiva dimensão das turmas (entre 40 e 50 alunos); a escassez de professores e auxiliares, que dificulta a gestão da energia própria da idade; professores que chegam tarde, leccionando meio tempo de aula ou o que dela restar... E, para meu grande choque, as turmas organizam-se por idade. Por exemplo, os 5º A e B são compostos por crianças de 9 e 10 anos, o 5 ºC por crianças de 11 anos (que já perderam um ano) e por aí fora, por forma a compor turmas mais homogéneas. Ora, apesar de perceber os motivos inerentes a tal decisão, não deixa de me fazer confusão esta "receita para o fracasso" dos alunos com maiores dificuldades de aprendizagem. A influência e convívio entre diferentes níveis de conhecimento estimula o desenvolvimento da criança, pelo que me parece demasiado condenatório à partida.
O sistema educativo parece-me bastante preocupante. Até há uns anos atrás, não havia ensino secundário no Príncipe e nem todos tinham possibilidade de ir para S. Tomé terminar o liceu. Hoje, essa limitação surge apenas ao nível do ensino superior. Mas, ainda assim, o nível de ensino parece deixar muito a desejar quando parece que basta terminar o ensino secundário para estar apto a ensinar uma ou outra disciplina. Há uma falta muito grande de professores e, apesar do subsídio de isolamento para incentivo à deslocação de funcionários públicos de S Tomé, não é fácil captar colaboradores para o Príncipe. As cooperações internacionais, nomeadamente com o Instituto Marquês de Valle Flôr, reforçam o corpo docente ao nível do ensino secundário. Contudo, os jovens chegam muitas vezes com uma grande falta de bases, sendo mais difícil a sua integração e acompanhamento da matéria.
Enfim, temos 16 lugares na sala e, portanto, desafiámos duas turmas de 5.º ano a participar no clube, dividindo cada uma delas em três pequenos grupos. Damos aulas práticas e procuramos desenvolver uma aprendizagem mais informal. As aulas são gratuitas, extra-curriculares e opcionais, não há sistema de avaliação e a permanência no clube é garantida pela assiduidade do aluno. Tentamos envolver os pais ou encarregados de educação dos alunos, para que os libertem das tarefas domésticas para poderem participar no clube e não faltarem sem justificação.
Recebemos 80 novas inscrições com grande entusiasmo, sobretudo por causa da utilização do computador - a que muitos só têm acesso no 10.º ano de escolaridade, na aula de TIC - que o professor Rafael se esforça por tornar apelativas e dinâmicas, apesar de só ter 4 computadores operacionais para 50 alunos... O Francisco e eu estamos a pensar numa estratégia para melhorar estas condições, espero em breve ter novidades. :)
Recebemos 80 novas inscrições com grande entusiasmo, sobretudo por causa da utilização do computador - a que muitos só têm acesso no 10.º ano de escolaridade, na aula de TIC - que o professor Rafael se esforça por tornar apelativas e dinâmicas, apesar de só ter 4 computadores operacionais para 50 alunos... O Francisco e eu estamos a pensar numa estratégia para melhorar estas condições, espero em breve ter novidades. :)