Por entre ruínas e a verdejante imposição da natureza que tomou posse do espaço, descobre-se o surpreendente tesouro arquitectónico das grandes roças de São Tomé e Príncipe, que representavam a grande base económica de ambas as ilhas até à independência.
No Príncipe, parece que existiam quatro grandes unidades agrícolas - Sundy, Porto Real (que, segundo consta, produzia o melhor óleo de palma da ilha), Terreiro Velho e Infante - as quais englobavam quase duas dezenas de outras roças: São Joaquim, Paciência, Belo Monte, Nova Estrela, Santo Cristo, Montalegre, Azeitona, Santa Rita, Gaspar, Bela Vista, Nova Cuba, Ponta do Sol, Abade, Infante, Maria Correia, Lapa, entre outras... Ainda não conheço bem a sua história, mas apesar das particularidades individuais, julgo poder descrevê-las como uma enorme unidade agrícola com casa principal ou senhorial, sanzalas (casas dos trabalhadores), armazéns e outros edifícios de apoio à produção e um hospital (não sei se em todas ou apenas nas de maior dimensão. Em muitos casos, as roças principais eram suportadas por outras secundárias, espalhadas pela ilha.
Entre si, estendia-se um sistema ferroviário, que ligava e abastecia as roças principais e suas dependências. As estruturas são imponentes, de uma beleza incrível, que parte a alma ver ao abandono. Consta que, após a sua nacionalização, criaram-se cerca de 15 unidades agrícolas para dar continuidade à produção. No entanto, estas foram novamente deixadas ao abandono. Apesar de alguns esforços para a sua recuperação, a maioria permanece em decadência ano a após ano, talvez por dificuldades de gestão ou por afirmação/revolta.
Entre si, estendia-se um sistema ferroviário, que ligava e abastecia as roças principais e suas dependências. As estruturas são imponentes, de uma beleza incrível, que parte a alma ver ao abandono. Consta que, após a sua nacionalização, criaram-se cerca de 15 unidades agrícolas para dar continuidade à produção. No entanto, estas foram novamente deixadas ao abandono. Apesar de alguns esforços para a sua recuperação, a maioria permanece em decadência ano a após ano, talvez por dificuldades de gestão ou por afirmação/revolta.
O peso do colonialismo faz-se sentir em conversa com algumas pessoas, as que se atrevem a falar sobre o tema. Achamos que a escravidão foi abolida no séc. XIX, mas parece que o trabalho forçado permaneceu até à nacionalização das roças, em 1974. Ainda assim, as opiniões divergem: há os que falam, naturalmente com mágoa, de avós em situação de escravidão, ao mesmo tempo que outros referem-se a tempos de trabalho árduo mas certas condições garantidas. Arrepia ouvi-los falar, não consigo imaginar o que pode ser crescer sem liberdade ou opção de escolha.
Por outro lado, entre as áreas da conservação e do turismo, ou mesmo pelas ruas, há uma admiração estranha pelo estrangeiro, uma submissão inerente que me faz bastante confusão. Como se os estrangeiros fossem mais aptos e melhores. Se nalgumas situações se verifica - sobretudo por maior qualificação e domínio de língua estrangeira -, acredito que a troca de experiências e conhecimentos é recíproca e igualmente rica para ambos os lados. Sabemos coisas distintas e aprendemos e crescemos em conjunto.
Sem comentários:
Enviar um comentário