A Fundação Príncipe Trust é a ONG local que me adopta indiretamente nesta minha missão, enquanto principal parceiro do projeto. E sim, digo "adopta" porque a ligação entre os diversos colaboradores, estrangeiros e locais, tem a força e o carinho dos laços familiares com que fui educada.
Originalmente, a Fundação foi criada pela HBD - principal empresa hoteleira da ilha, pertencente ao sul africano Mark Suttleworth, que se dedica ao turismo sustentável. Hoje, sem perder o apoio e ligação ao seu fundador, opera de forma independente, reunindo uma panóplia de apoios e patrocínios, consoante a área de actividade.
Surgiu com o objectivo de preservar a biodiversidade da ilha, desenvolvendo inúmeros projectos de conservação marinha e terrestre. Procurando atingir o equilíbrio entre a natureza e o Homem, a Fundação Príncipe Trust visa promover o desenvolvimento económico e social das comunidades do Príncipe, de forma a capacitá-los para uma gestão de recursos mais eficiente e sustentável.
Conservação das tartarugas marinhas, promoção de apicultura sustentável, educação e sensibilização ambiental, identificação e categorização de espécies ameaçadas ou valorização de resíduos através da produção de joalharia com peças de vidro são algumas das inúmeras iniciativas que potenciam o desenvolvimento das comunidades locais.
Esta semana, tive oportunidade de conhecer com maior detalhe os resultados do projecto "Omali Vida Nón" - que quer dizer "o mar é a nossa vida" e se destina à conservação das áreas marinhas protegidas e fortalecimento das comunidades piscatórias -, acompanhando o Dário Pequeno Paraíso nas visitas de campo para elaboração de um pequeno documentário sobre o projecto.
Tradicionalmente, os homens são pescadores e as mulheres palaiês (vendedoras), mas não necessariamente em parceria. Muitas vezes, senão na maioria dos casos, as mulheres compram o peixe aos seus maridos para venderem, directamente, fresco ou seco e salgado. Algumas perdem inclusive dinheiro neste processo - o que causa alguma confusão se pensarmos em termos de economia familiar -, mas é assim que a sociedade está organizada. Um dos principais impactos do projecto, que terminará em breve, foi, para mim, a promoção de ideias comunitárias, para lá da pesca, para o desenvolvimento de fontes alternativas de sustento, das quais brotam dois negócios de sucesso: a bijuteria da praia Burras e os sabonetes artesanais da praia Abade.
A minha aprendizagem da semana não fica, porém, por aqui... O Dário é um rapaz são tomense, que cresceu em Portugal e regressou há menos de meia dúzia de anos. Aliás, na verdade não regressou, mas anda agora entre cá e lá. Hoje, excelente fotógrafo e videógrafo, reconhece o privilégio em que cresceu - sobretudo quando comparado aos seus pais -, mas com um crescimento bastante desafiante em vários aspectos. Uma história de vida incrível, que não me cabe naturalmente a mim contar, mas que estou extremamente grata por ter merecido tal confiança. Obrigada Dário, pelas partilhas, discussões e por tudo o que, mesmo sem querer e sem te aperceberes, me ensinaste. Estou inquieta para ver o resultado deste documentário. Sucesso!
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